Intervir artisticamente-coletivamente no espaço público, possibilita causar uma fissura na engrenagem do sistema capitalista e um curto-tempo-espaço de saída da matrix, quando se rompe por um momento a rotina e oferece o lúdico, o incontrolável e o inevitável.
A juventude abre uma fenda em Paratibe, e uma vez que o portal é aberto, o Inevitável faz um convite às criaturas urbanas sairem da sua zona de conforto.
Na manhã do sábado, 11.11, as crianças e mães-avós são atraídas por uma energia que vibrava numa frequencia transmuda do passado-futuro, -o que um dia já foi e o desejo de um dia ser-.
O sentimento de esperança é resgatado nos corações mais vividos e desiludidos ao ver as crianças da comunidade armadas de pincel tinta e coragem, fazendo da praça e da quadra do mangueirão território de cuidado, organização comunitária, e de projeções de uma outra maneira de se relacionar com o espaço público e com próprio seu território.
É com a magia da tinta, do stencil e da ação direta que as criaturinhas se colocam no mesmo patamar das(os) grandes artistas na necessidade de se expressar e se autoprojetar. Com a rádio, a intervenção passeia pelas ondas do ar, ocupando as "frequencias proibidas" pelo monopólio do estado, e propondo uma outra forma de se comunicar.
Quando BiaRittzz convida a pensar "O que é Consciência Negra?" em sua projeção, ou quando emerge um som mesclado de palmas, pandeiros e pés, é aí onde aquele 'Inevitável' acontece dentro de um território remanescente quilombola, protegido pelo mestre João das Matas, fazendo o coração pulsar mais forte em afirmação a pergunta projetada e ao ritual de celebração da vida negra, o coco.