Transmissões – aRtivismo Narrar-se é criar-se

com Chico Ludermir, Virginia MedeirosMaria Clara Nunes, Paulo Paes

Sinopse: Precisamos de narrativas próprias capazes de infectar a esfera pública, de afetar nossos comportamentos, de intervir na formação de desejo no campo social. O laboratório trans-missões - aRtivismo convida todos os corpos não normativos que se consideram transfronteiriços para implementar processos experimentais e subjetivos de resistência que permitam chegar a lugares desconectados de normas e categorias prévias. O laboratório pretende pensar a performance como um repertório potente para as lutas políticas, o corpo como um lugar de resistência e o campo da arte como um espaço do fazer político. O ato de andar, dar as mãos, dançar, escutar, ficar em silêncio ou gritar, encontros informais e conversas sérias farão parte dessa vivência. Narrar-se é criar-se. Encontrar-se é potência. Processo é arte.

O objetivo é complicar as categorias constituídas socialmente: somos corpos que reinventam seus próprios nomes, somos arquivos vivos, somos ficções recicladas. Apelamos à possibilidade de construir alianças políticas/afetivas de corpos expandidos, móveis. Corpos que deem preferência pelas combinações proliferantes, as variações multiplicantes e inclusivas, gerando ramificações nas quais se perdem matrizes originais, noções de centralidade e unidade. A vida se dá entre elementos heterogêneos em contínua interação. Um laboratório no qual tudo se mistura e se ramifica numa perspectiva mestiça e festiva da vida, de fronteiras borradas e múltiplos trânsitos. A noção do corpo inacabado, centrifugado, instável, intermediário, móvel, subversivo e blasfemo conduz esta experiência. A ideia é rearranjar elementos locais e elementos estranhos num exercício laborioso de criação.

A centralidade do corpo nas militâncias de existências marginalizadas e excluídas, encontra-se com a centralidade do corpo na arte contemporânea e partir daí não há mais separação: aRtivismo. O corpo-em-trânsito, rompendo as fronteiras da bidimensionalidade das paredes, dos museus e dos enquadramentos. O corpo-presente-e-deambulante. O corpo-dissonante. O corpo-conflito. O corpo-encontro. O corpo-dispositivo. O corpo-processo. O corpo-narrativo. O corpo-afetivo. O corpo-amoroso. O corpo-desejo. O corpo-incorporado. O corpo-transmutado. O corpo-translúcido. O corpo que se mistura com a cidade que o compõe e que lhe compõe de volta.

Metodologia

Narrar-se é criar-se. Encontrar-se é potência. Processo é arte.

A narrativa de si é ponto de partida e chegada: se por essência a narrativa é capaz de sintetizar o individual, o coletivo e o universal, ela é também um processo criativo em ação. Narraremos das mais diversas formas que o corpo permite – com a fala, com a dança, com o grito, com o choro, com os olhos e com o silêncio. A partir dessas narrativas, decidiremos como agir em grupo. Seja pensando ações coletivas, seja inflamando as ações individuais (que são por si outras narrativas). O encontro multiplica as potências. Fortalece e alia. É necessário aguçar cada poro para uma escuta que extrapola as frequências sonoras. É escuta ativada. O processo deixa de ser entendido como etapa prévia. Ele apenas é. Ainda que haja possibilidade e desejo de intervenções e registros, não há obrigação quanto ao fim, mas, sim, compromisso com o meio. Em um processo horizontal, aproveitaremos, potencializaremos e desvelaremos as nossas habilidades. Sem aspiração de mudar o mundo, mas de mudar a vida, pensaremos no amor como um aspecto politizado da existência que através de alianças afetivas rearticula normas e desconstrói discursos opressores.

Período: 6 a 15 de novembro

Horário: 13h30 às 16h30 (o horário poderá ser modificado se a maioria dxs incritxs sugerirem outro)

Local - AMOTRANS ( Av. Manoel Borba , 545 - 1º Andar - Boa Vista)

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